sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Fatalidade (em muitas palavras)


     As coisas sempre pioram quando eu dou nomes... Sempre chamei meus bichinhos de estimação pelo nome cientifico. O primeiro que cismei de dar um nome foi o mais especial, mas o que mais chorei quando morreu. Pois bem, este fim de semana, viajando, febril, na carência e na anciã de te ter ao meu lado, comecei a ouvir o som das estrelas... Sim, elas são lindas... E se ficamos em silencio e escutamos com o sentido certo, é possível ouvir o som de sininhos como os guizos de natal, ou como notas de uma harpa... As estrelas são lindas... Foi ai que te dei um nome especial. Já havia feito isso com outros caras, mas você é diferente: Você é a minha Estrela. Por quê? Por que seus olhos fazem o mesmo barulho que as estrelas, basta escutar com o sentido certo...
     É difícil pra alguém desejar estar ao lado de uma estrela... Estrelas nasceram para ser admiradas apenas, para serem vistas de telescópios por amantes devotados ou para terem suas historias contadas aos jovens pelo mundo. Mas de tempos em tempos alguém tem que se apaixonar por uma estrela, não é? Nem que seja para servir de exemplo. Que Deus tenha piedade desta alma...
     E lá estava eu diante dos olhos que tocavam musica... Daquele sorriso que seria capaz de dissipar cada sombra de minha alma e me fazer feliz mesmo que por hora... O que eu fiz? Me rendi! Nunca devia ter feito isso... Mas que tolo eu sou. Pode alguém não se render? É mais forte que nos, não é? Eu sabia que era mais que tudo que eu podia possuir, que era felicidade sobre medida pra alguém tão simples... Estrelas são para os deuses e heróis, e não para mim... Já era tarde e não podia mais evitar o fato de que seu brilho já havia me invadido... Não me reconhecia mais... Eu era simplesmente feliz...
     Eu, que sempre fui do circulo dos amantes, tive mais do que encorajadores, tive professores. Destaco um jovem rapaz de vida singular que muito me cativa. Que apesar de tudo que me pede e que a tempos lhe devo, sempre me carregou no colo quando chorei e sempre esteve ao meu lado em troco de muito pouco. Outro ainda, amante de um outro “corpo celeste”, me disse que pra vencermos a grande altura que nos separa do céu, temos que fazer uma grande jornada... Talvez de anos...
     Pois bem! Subi escadas e torres, cruzei mares até, pra um dia confessar o que sentia. Sempre tive muito medo disso, pois sabia da impossibilidade de meus sonhos, mas tentei. Quando senti que estava perto o suficiente lancei uma carta para que minha estrela pegasse. E ela leu... Noites sem resposta... Meu coração gelava... Já antecipava o fato que algumas noites depois veio se confirmar. Do céu também veio uma carta, e com poucas palavras, medidas e ponderadas, um não. Sutil, mas era um não...
     E o que fazer com um não? Uns dizem “Desista!”, e foi isso que tentei fazer. Confesso que é um ato covarde, mas eu tinha que tentar. Depois de noites chorando, eu tinha que conseguir uma maneira pra continuar a minha vida. Eu tentei o evitar, como um viciado faz ao cigarro ou a uma bebida. De nada adiantou... Tentei por outro no lugar. Esta muito menos, pois se quer conseguia ver outro cara a altura desta estrela... Estrelas são únicas, são insubstituíveis... Não havia o que fazer a não ser encarar meu fado triste de querer ter ao meu lado quem “talvez” (palavra que uso como consolo ou esperança, tentando suprimir o obvio) nunca teria...
     O silencio foi se agravando a cada noite que passava... Não queria que você dormisse ao meu lado, não queria te beijar na boca, não queria sequer te abraçar, não queria que fosse meu amante um só dia que seja... Eu queria só poder olhar nos seus olhos antes de dormir e ouvir deles aquele som mágico... Te dizer boa noite e adormecer... Queria andar com você por onde eu fosse e poder pegar em sua mão... Queria poder dizer esta frase que fere minha garganta mas reluto em silenciar, pois sei que potencializaria todo este sofrimento...
     Eu tinha que tentar mais uma vez! Escadas, torres, arranha-céus, nave espacial... Desta vez estava ali ao seu lado... Mas falar era impossível... A musica me deixava mudo, tonto, perdido... Vomitei palavras a procura de uma que pode-se dizer o que eu sentia, quando na verdade eu sabia o que era, mas mais uma vez me negava o dom de usar este substantivo... Eu tentei, juro que tentei... Mas há um muro entre nós... Uma espécie de barreira que faz minha voz chegar a você, mas que me faz ouvir apenas silencio... Estrelas não falam, pois não tem nada a falar... Eu via uma lagrima em seus olhos, minha estrela, e não sabe o quanto eu sofro por ter te feito sofrer... Estrelas... Talvez se eu fosse estrela, poderíamos nos ouvir, mas eu não sou uma... E acho que nunca serei...
     Desta vez o silencio me fez virar as costas, como se tivesse levado um tapa invés das palavras que quase não ouvia... Devo confessar que não olhei pra trás para que não me visse chorar. Não queria te fazer sofrer mais do que já estava fazendo...
     Escrever é meu ultimo refugio... A reflexão que me resta é diminuta, uma vez que não tenho forças pra esquecer... Sonhar é meu doce veneno que torna mais letal a cada dia... Te ver é meu alento, embora seja como achar um copo de água num deserto: mata muito mau a sede na hora, e a aumenta logo depois... Conversar com você são minhas doses diárias de remédio, até que eu tome forças pra tentar mais uma vez, mesmo que me custe um tombo ainda maior que este... Uma vez embriagados por um sonho, mesmo que lutemos eras e nunca consigamos o que queremos, devemos continuar batalhando. Se olharmos no fundo do nosso coração veremos que há algo pelo qual vale a pena lutar...