segunda-feira, 26 de março de 2012

    Uma frase marcou minhas reflexões de hoje: “Parabéns, você é um dos gays mais machos que já vi!”. Curiosamente, esta frase foi dita por uma garota que parece ser muito legal durante um trabalho em grupo, quando eu respondi a uma piada e ela entendeu que eu sou gay. Eu gosto deste tipo de situação, onde as coisas aparecem. Não é preciso se rotular algo, simplesmente deixar as pessoas perceberem com o tempo. Concordo com ela, mesmo sendo uma frase engraçada. Sou contra o estereótipo gay que a sociedade constrói. O visual onde temos que nos portar como mulheres ou como loucos só por que somos gays. Talvez o fato seja o de eu não ser “Gay”. Eu sou eu, simplesmente. E vivo à minha moda, que não quero que vire tendência, muito pelo contrario.
     Recentemente tenho ouvido muitas hipérboles a meu respeito. Acho que as vezes as pessoas constroem um super humano em mim que eu não sou de verdade... Outro dia um garoto, durante um debate, me ouviu dizer a historia de um antigo caso meu e sobre como relevei muitas coisas (tudo, na verdade). Este garoto me disse: “Você é incrivelmente mais humano que eu.”. Embora me sinta honrado, me sinto triste também. Não sou mais ou menos humano por tolerar erros alheios... Acho que a verdadeira face da humanidade esta em como aquentamos a dor e o desprezo. Eu sempre choro sozinho, implorando migalhas de sentimentos de quem não tinha nada pra me oferecer... Não sei se isso me torna mais “humano”... Talvez me torne algum animal encurralado na floresta, chorando em sua cova escura esperando que o caçador vá embora...
    Por falar em choro, estes dias passei uma situação linda e triste de me despedir de um amor para nos vermos só daqui a algumas semanas. Não reclamo de ter que passar por estes tristes momentos, tenso em vista os anos que passei sem ter nem em quem pensar antes de dormir... Mas de fato quando nos abraçamos e viramos as costas, senti a tristeza per plantada no meu coração após o que foi um longo dia feliz. Andei debaixo da chuva que piorava a cada instante... Não demorou muito para eu perceber que só veria meu amor em um mês. Neste momento chorei como se isso realmente fosse grave, como se fosse uma punhalada... Sentei na rodoviária e continuei a chorar... Foi neste momento que uma garota de vestido roxo parou alguns metros a minha frente e começou a me olhar. Quando ela notou que eu estava chorando seu rosto começou a se contorcer e em segundos eu avia conseguido uma companheira de choro... Eu e a garotinha roxa de aparentes cinco ou seis anos nos debulhamos em lagrimas juntos por alguns instantes, até que seu pai viesse apanhá-la, talvez por que o ônibus deles já estava chegando... Mas me pergunto o que teria pensado aquela garota... Será que a alma dela foi capaz de saber o que eu passava? Será que na sua inocência ela sabe lidar melhor com a minha dor? Nunca vou saber...
    Gosto de poder ver pessoas sentirem o que sinto... Na verdade acho que gosto de fazer que elas sintam algo por minha causa. Gosto de cultivar a emoção nas pessoas, principalmente as boas emoções, os sentimentos prazerosos... Talvez seja o medo de ser esquecido, afinal dizem que a memória grava melhor o que nos faz sentir... Com meus textos, assim como com esse, procuro fazer com que as pessoas me sintam um pouco... Acho que este meu hábito me ajuda a ser mais franco comigo mesmo e ajuda os meus amigos a me entenderem um pouco mais. Não tenho a esperança de ser entendido, mas cultivo uma crença de que posso simplesmente ser suportado. Que posso repetir frases de amor idiotas para meu namorado, que posso falar eloquências nas aulas teóricas, que posso rir de uma piada com meus amigos, que posso viver minha vida de uma forma que julgo simples e suficiente. Não sou de querer muito e acho que tenho ganhado bem mais do que esperei nestes anos perdidos... Poderia tentar explicar mais este fato, mas já escrevi muitos “talvez” e me contento com um texto de quatro parágrafos.